2003-09-04

A PROPÓSITO DOS 30 ANOS DO GOLPE DE ESTADO DE PINOCHET CONTRA A UNIDADE POPULAR...

30 anos depois da destruição da Unidade Popular no Chile de Salvador Allende que conclusões são visíveis na acção da esquerda? Principalmente por parte da esquerda que hipoteca/condiciona uma acção de ruptura aos jogos e acordos parlamentares e às negociatas com o(s) poder(es) económico-financeiros! Mas também da esquerda que se reinvidica de ser a "esquerda da esquerda" mas que, nos momentos decisivos, ignora onde se situam e estão aqueles que são os movimentos sociais de mudança.
É oportuno dar um pouco do nosso tempo a ler a entrevista de LUÍS SEPULVEDA à revista Visão de hoje (04 de Setembro) e os documentos/testemunhos incluídos na edição do Le Monde Diplomatique de Setembro 03.
No Monde Diplomatique, Dominique Vidal conclui em "Lições de uma tragéfia": "Trinta anos depois, será necessário despejar o bebé - o famoso "compromisso histórico" - com a água suja das manobras de aparelho entee comunistas e democratas-cristãos a que, num determinado tempo, ele se reduziu em Itália? O socialismo burocrático atravessa no mundo os seus últimos sobressaltos e nem uma só "minoria activa" conseguiu alcançar uma revolução duradoura. Quanto à "via democrática", ela atolou-se nas areias da social-democracia. Mas a pista, a verdadeira, sugerida por Enrico Berlinguer não foi explorada em parte alguma".
À pergunta da Visão sobre o que é ser socialista hoje, Luís Sepulveda responde: " Hoje qualquer um se pode dizer de esquerda. O termo desvirtuou-se, desvalorizou-se. Chega a doer quando alguém se diz de esquerda, mas não renuncia a parte da sua comodidade. Temos de vigiar constantemente a estupidez que nos rodeia e tenta devorar-nos. Além disso, ser de esquerda permite-te dormir bem. E sinto-me orgulhoso de não me ter transformado num burguês de merda. Quando tens uma palavra, uma voz que é respeitada, a tua responsabilidade aumenta. E o teu silêncio pode causar muito dano".