2004-02-11

GESTORES & EMPRESÁRIOS PROPÕEM MAIS LIBERALISMO PARA A CRISE DO ... LIBERALISMO!!

LIBERALIZAÇÃO DOS DESPEDIMENTOS, PROTECIONISMO E CORTES NO INVESTIMENTO PÚBLICO:
A MESMA FALTA DE IMAGINAÇÃO DO LIBERALISMO NACIONAL!

Empresários e gestores reunidos no Convento do Beato pretendiam descobrir a fórmula mágica para desenvolver Portugal, mas acabaram por recuperar velhas receitas do liberalismo mais caduco. Receitas que já provaram que não levam a nada, a avaliar pelos locais onde já foram aplicadas por esse Mundo fora. Por estas e por outras é que as receitas políticas da burguesia nacional e as soluções económicas do liberalismo só são solução para uma coisa: agravar ainda mais a crise económica, política e social!

Falaram em aumento da concorrência, em aumento da onda privatizadora, em liberalização dos despedimentos, mas, como era de esperar, demonstraram que não sabem onde se situa a realidade social e quais as consequências que as fórmulas avançadas teriam para o agravamento das condições sociais e de vida dos trabalhadores.

Discutiu-se, o que é espantoso e demonstrativo da orientação política desses empresários e gestores, a necessidade dos patrões unificarem as diversas associações patronais existentes! É a isto que estes empresários & gestores reduzem o problema da liderança ...

Não se esperaria que os patrões portugueses apelassem à participação dos trabalhadores na procura de uma solução para os problemas nacionais, mas a falta de soluções e a incapacidade para se descobrirem novas soluções é o que mais chama a atenção nas conclusões deste encontro apelidado de “Compromisso Portugal”.

Não há mesmo qualquer solução dentro dos limites do liberalismo e do capitalismo! Esta é a conclusão que os trabalhadores e as suas organizações deveriam tirar. Uma conclusão que deveria reforçar, do lado dos partidos de esquerda, a necessidade e a urgência da definição de uma alternativa de esquerda com programa e políticas que apontassem a necessidade da transformação democrática e socialista da sociedade.

A solução para os problemas nacionais passa sobretudo pela participação democrática dos cidadãos e dos trabalhadores a todos os níveis da sociedade. Nomeadamente nas empresas privadas, onde a participação dos trabalhadores é nula ou então reduzida a encenações...

Essa participação democrática tem vindo a rarear à medida que nos vamos afastando, nos anos, do 25 de Abril e à medida que o governo de direita vai aplicando as suas políticas anti-sociais. O apelo destes gestores & empresários mais não faz que reforçar e apelar a esse deficit de participação democrática.

Apelam também à concorrência e não têm qualquer problema em propor a liberalização dos despedimentos ... aliás, concorrência e despedimentos surgem de mãos dadas! Como já todos sabíamos! O fecho de empresas fruto da deslocalização, tem a ver com quê? E o resultado é mais desenvolvimento? É mais estabilidade social?

O que estes senhores fazem é também propor uma espécie de quadratura do circulo em época de globalização liberal. Como é que conseguiriam aplicar medidas proteccionistas como forma de protegerem a concorrência nacional?
O apelo deste chamado “Compromisso Portugal” é feito por entidades que se revelam muito conservadoras nas empresas que dirigem. Vieram da banca, das telecomunicações, da indústria ... Do lado dos trabalhadores, ninguém!! Elucidativo! É que nessas empresas, a participação dos trabalhadores na gestão das empresas ... nem pensar!!!

As conclusões reflectem, repetimos, uma incapacidade total da burguesia portuguesa para propor qualquer solução credível para o desenvolvimento de Portugal.

Muito mais propôs-se recentemente no Congresso da CGTP e muito mais se fez, quanto a avanço no sentido da mobilização da sociedade portuguesa, na recente jornada de luta da Adminstração Pública!