2003-12-02

PS : SERÁ QUE NÃO HÁ UMA ESQUERDA QUE CHAME OS MILITANTES AO DEBATE E À ACÇÃO?

Manuel Maria Carrilho quer mudanças no PS! ... Parece que sim, mas segundo a intervenção que teve no ambito do ciclo de debates OS NOVOS DESAFIOS DA ESQUERDA, promovido pela Federação Distrital do Porto do PS, serão mudanças que tornarão o Partido Socialista ainda mais atado a lógicas parlamentares, desprezando a indispensável intervenção e atenção à realidade social.

Considera Carrilho que o PS deveria eleger o combate à corrupção e à pobreza, como os dois combates estratégicos. No entanto, o que propõe parece mais ligado a questões de moralidade e nada à necessidade de políticas que apostem decisivamente na transformação socialista da sociedade. À semelhança de outros dirigentes do PS, não questiona a natureza do Estado, nada diz sobre a recusa ou não à economia liberal ou de mercado, mesmo que pintada como economia social de mercado, e, também nada diz sobre o imprescindível, necessário e urgente relançamento da intervenção democrática dos cidadãos e dos trabalhadores a todos os níveis.

Segundo a imprensa, Manuel Carrilho considera que A separação entre esquerda e direita continua a ser o princípio da igualdade, mas a reafirmação desse princípio não se pode fazer ao arrepio da ideia de concorrência. Elucidativo! ... É espantoso como estas cabeças da social-democracia não aprendem com a História nem com os seus próprios erros! Será que ainda não se aperceberam que qualquer mudança no quadro do capitalismo estará sempre condenada ao fracasso?

Falando pelos nomes que as coisas devem ter em política, Carrilho é claramente a figura de proa de uma outra tendência social-democrata de direita no PS. A outra já conhecida é a que integra José Lamego e, pelos vistos, João Soares. A tendência de Carrilho ainda vai fazendo umas criticas ao governo mas sem se sujar muito com as bases militantes socialistas, onde o apoio vai sendo zero ou quase. A tendência de José Lamego lá vai fazendo uns favores a Durão Barroso. Uma e outra tendências adiam e parece que fomentam o adiamento da participação democrática dos militantes do PS na vida do partido e, sobretudo, na transformação da realidade deste País!