2004-03-11

MASSACRE EM MADRID...

Hoje, mais do que nunca, paz e irmandade entre os povos.


MASSACRE EM MADRID:
CONTRA O TERRORISMO
É PRECISA UMA INSURREIÇÃO PACIFISTA DA SOCIEDADE CIVIL!


São horas de comoção. Ocorreu o maior atentado alguma perpetrado num país europeu. Os mortos superam a centena e às centenas são também os feridos. O local e a população atingida não foi uma casualidade. Quem quer que tenham sido os autores do atentado, fizeram-no conscientemente: atingiram a sociedade civil, os sectores mais populares, trabalhadores e estudantes que todos os dias se concentram nas horas de ponta nos arredores das estações. O objectivo, selvaticamente transparente não pode ser outro que semear o terror, amordaçar a sociedade, fermentar o medo e a mágoa. Este é o objectivo de todos os grupos terroristas com claros tons fascistas e reacionários.

Enquanto o governo, os partidos institucionais e os distintos organismos aproveitam a “ocasião” para sustentar o Estado democrático e as instituições do poder, como resposta ao terrorismo, o certo é que não têm sido capazes de prevenir, evitar e travar este massacre. Tem sido assim até no estado mais poderoso: os EUA e o fatídico 11 de Setembro de 2001. O governo espanhol não teve qualquer problema em misturar a população numa guerra injusta e terrível, sendo as populações quem paga as consequências. E o governo espanhol e o seu regime não vão ter qualquer problema em agudizar e acentuar as medidas repressivas extensivas também à sociedade civil e aos milhares de irmãs e irmãos imigrantes que vivem neste país.

A tragédia golpeia em qualquer local do mundo, é um facto e nenhum Estado, nenhuma política, nenhuma força policial, pode impedir a lógica imparável da guerra e do terror porque, infelizmente, são parte da mesma lógica. Nenhum estado pode prever e garantir a vida, porque a sua lógica não o permite. Seja quem tenha sido, a ETA ou o terrorismo islâmico, braços armados do poder, demonstraram uma vez mais quão tão pouco lhes importa a vida humana ou o que, de facto, é a sua lógica “política”: qualquer meio está justificado para se conseguir o objectivo. Será que os Estados não funcionam assim mesmo? Não foi assim nas guerras que declararam ou nas que perpetraram mesmo sem as declarar?

É compreensível que o estupor nos encha de impotência e de incompreensão, mas hoje é, ao mesmo tempo, mais importante que nunca, afirmar o contrário em relação ao que domina. Que podemos fazer, que podemos pensar, que podemos ser?

Um inicio de resposta foi dada pela sociedade civil, gritando paz, opondo-se à espiral de violência que nos tortura e nos golpeia. É uma tradição antiga neste país, na sua melhor tradição, é a tradição libertária a que procura métodos de acordo com o fim, uma nova sociedade. Totalmente contrários aos grupos elitistas de libertação.

Neste momento, trata-se de reagir com o sentimento e o pensamento, ir forjando passo a passo, com coerência, uma nova maneira de entender a vida e de distanciar das tácticas e estratégias das mortes. Podemos fazê-lo, superando a dor e o horror, mas também, conseguindo o melhor de cada um de nós. Identificando os autênticos criminosos e não confundindo gente como nós, entre os comandos assassinos, os seus estados, o seu frenesim de guerra, pelo contrário, unindo-nos a todas as populações que, neste mundo, sofrem quotidianamente atentados parecidos: a população do Iraque, em primeiro lugar, e, opondo-nos tenazmente a “supostas resistências de libertação”.

Estamos convencidos que esta lógica e prática de horror e terror é alheia aos corações das pessoas de bem, das populações submetidas mas dignas, da humanidade que nos unifica a todas e a todos. Mas é fundamental e ainda mais em momentos de tragédia como esta, começar a mostrá-lo claramente: auto-organizarmo-nos e lutar para construir uma alternativa completamente diferente, à altura dos nossos anseios de liberdade, felicidade, comunidade, harmonia e paz.


Comunicado de Socialismo Libertário
www.socialismolibertario.org
Madrid, 14 horas, 11 de Março de 2004.

(Tradução de João P Freire )

2004-03-08

8 DE MARÇO: TOMARA QUE NÃO FOSSE NECESSÁRIO UM DIA COMO ESTE!!

Tomara que não fosse necessário um dia como este, o chamado Dia Internacional da Mulher!

Mas é necessário como é necessário um dia do trabalhador.

Porque os direitos que tornariam possível a igualdade precisam ainda de muita luta para tornar a letra de qualquer lei como realidade palpável.

A trabalhadora, a amante, a mãe, ..., a Mulher é também um momento de sensibilidade que tem faltado à acção política. Mesmo à acção política revolucionária!

O 8 de Março de 2004, cerca de um mês antes de acontecer o 30º aniversário de Abril, é um momento em que muitas mulheres ainda são punidas porque não lhes é dado todo o direito de decisão sobre o seu corpo. Toda a repressão que existe sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, sobre o Aborto, é a prova de que a luta pelos direitos plenos de cada Mulher está ligada à luta contra uma sociedade onde o sexismo tem também uma componente classista.

Tomara que não fosse necessário um dia como este ... porque certamente a realidade seria outra ... mais feminina, mais sensível aos direitos de cada uma e de cada um!