2004-04-17

25 DE ABRIL DE 1974: A REVOLUÇÃO ONDE NÃO ERA POSSÍVEL HAVER EVOLUÇÃO!

30 anos depois de Abril de 1974 é já tempo suficiente para que a direita e a burguesia nacionais tentem ocultar um dado histórico importante: era impossível qualquer evolução democrática do fascismo. E era impossível porque a burguesia e a direita nacionais estavam de tal maneira comprometidas com a ditadura em todas as suas vertentes que a conquista da democracia teria necessária e inevitávelmente de passar por um processo de clara ruptura política, económica, social e cultural. O 25 de Abril de 1974 aconteceu por via da sublevação de uma das partes do aparelho de Estado, mas as massas populares e os trabalhadores iniciaram um processo de clara revolução social. Processo que assegurou as liberdades democráticas e a democracia. Por exemplo, sem as nacionalizações nos sectores financeiros e industrial, teria sido impossível avançar na consolidação das mais elementares liberdades democráticas. Como não teria sido possível consolidar a democracia, sem a autodeterminação dos povos e o reconhecimento da independencia das ex-colónias.

Não era possível nenhuma evolução do fascismo. Abril foi REVOLUÇÃO e foi a revolução social que aí se iniciu que possibilitou a democracia e as liberdades democráticas.

Abril foi também o ínicio de um processo de profunda socialização da vida política. Os anos que se seguiram a Abril foram anos de profunda e real democracia. Todos constatavam que "tudo é política" e dessa constatação todos partiram para a mudança da realidade. Foram anos de verdadeira capacidade de auto-organização, o sal para uma autentica democracia!

Naturalmente também a História de Abril é a história das tentativas contra-revolucionárias para inverterem a tendência de liderança popular. O governo que hoje temos é o herdeiro político dessas tentativas contra-revolucionárias que vieram, aos poucos, a triunfar!

Olhar para os 30 anos que nos separam de Abril, deve servir também para constatar que o aprofundamento da democracia e de um regime de autenticas liberdades democráticas é incompatível com o liberalismo globalizado, é incompatível com a restauração do poder económico-financeiro dos grandes grupos. A recomposição desse poder tem sido acompanhado sempre de ataques mais ou menos violentos às liberdades democráticas e aos direitos sociais.

30 anos depois convém também recordar que a democracia foi instaurada com um NÃO rotundo à guerra, a guerra colonial! A democracia seria incompatível com a manutenção da guerra. Hoje em dia, constatamos também que a guerra que Bush impôs no Iraque, apoiado por Durão Barroso e Paulo Portas, tem significado os mais variados e infames ataques às liberdades em nome de uma "guerra ao terrorismo" que cada vez se percebe menos, apesar das vitimas pertencerem sempre aos que nada têm a ver com essa guerra!

30 anos de Abril tem de ser lembrado e comemorado com o redobrar da luta contra os representantes nacionais da ofensiva global capitalista-liberal, como é o caso do governo PSD/CDS.

2004-04-13

IRAQUE: NÃO AO TERRORISMO! NÃO À OCUPAÇÃO! OS IRAQUIANOS QUEREM AUTODETERMINAR-SE!

Durão Barroso deu a conhecer a todos os que ainda duvidavam que o Iraque ocupado por Bush & Blair é um Iraque inseguro, à beira da guerra civil, ou seja, a mais completa contradição em relação àquilo que as forças ocupantes decretaram quando derrubaram há um ano a estátua do ex-ditador Saddam ou quando anunciaram a sua captura. Porque é assim, Durão Barroso, poucos dias depois de ter enviado mais um contingente da GNR para o Iraque, vem agora pedir a todos os civis que lá estão que regressem rápidamente! Cada dia que passa os líderes das forças ocupantes MENTEM DESCARADAMENTE!

O que se passa no Iraque já não é só o somatório de uns quantos atentados terroristas. Hoje as forças ocupantes encontram RESISTÊNCIA POPULAR cada vez mais generalizada e nessa resistência encontram aqueles que também se opunham ao ex-ditador Saddam e ao seu regime.

Os iraquianos dizem todos os dias que devem ser eles a decidir o seu destino e não qualquer força ocupante, mesmo que os ocupantes de hoje mudem a sua actual figura pondo na cabeça os capecetes azuis nas Nações Unidas. A autodeterminação de um povo não se faz por imposição ou com armas apontadas à cabeça!

As manifestações que se repetem diáriamente no Iraque são a expressão mais genuina da luta pelo direito à autodeterminação e não podem ser confundidas nem com actos terroristas nem com qualquer vontade dos iraquianos em terem novamente Saddam e a sua ditadura. Essa confusão é alimentada pela adminstração norte-americana e pelos seus aliados, como forma de continuarem a ocupação. Não é por acaso que Bush já decretou o reforço dos efectivos militares...

Fazemos nossa a declaração dos colectivos SOCIALISMO LIBERTÁRIO (http://www.socialismolibertario.org), de Espanha, e SOCIALISMO RIVOLUZIONARIO (http://www.socialismorivoluzionario.it):
"Renovamos a luta e o compromisso ao lado dos povos iraquianos pela sua autodeterminação e, como temos dito desde sempre, a retirada das tropas de ocupação é condição prévia e indispensável para que isso aconteça. Mobilizemo-nos para dizer, agora mais do que nunca: Out now! Fora e já todas as tropas do Iraque! Não para serem substituidas por outras tropas ocidentais, tipo ONU (cujas operações no Kosovo e no Ruanda são hoje um emblema), como todas as esquerdas estatistas apoiam (quando já duvidaram da própria resistência iraquiana). Como socialistas revolucionários, por isso comprometidos contra qualquer solução opressiva, estatista e militarista, baseamo-nos no novo protagonismo das massas iraquianas que se insurrecionaram. Baseamo-nos nas licções da sociedade civil espanhola, que reagiram com o atentado de Madrid e continuaram a fazê-lo, como aconteceu recentemente, em Leganes. Baseamo-nos no humanismo pacifista que foi também expressado em 20 de Março em muitos lugares: contra a guerra e contra o terrorismo, a alternativa está na sociedade que se liberta e é capaz de mudar, de se auto-organizar e de se organizar em conjunto contra o sistema e os seus Estados"