2003-10-24

AINDA O PS: É ASSIM QUE SE CONSTRÓI UMA ALTERNATIVA À DIREITA?

Direcção e críticos da direcção do Partido Socialista continuam a reduzir tudo à eleição ou não eleição de um novo secretário-geral. Continua a fulanização na acção politica que os dirigentes do PS lançam cada dia que passa!

Quer o comunicado da Comissão Politica, quer a carta-aberta de Carrilho, quer as declarações de notáveis (no sentido mediático, entenda-se!...) do PS, são um vazio, um deserto preocupante, quanto a propostas para RELANÇAR A ACÇÃO POLÍTICA PARA UMA ALTERNATIVA DE ESQUERDA AO GOVERNO DE DIREITA!

Estão todos muito preocupados em verificar se o "Estado de Direito" funciona ou não ... como se isto do Estado fosse uma questão abstracta. Ou seja, como se Durão Barroso e Ferro Rodrigues, um patrão ou um trabalhador, vissem e sentissem (no dia-a-dia) da mesma forma e da mesma maneira essa figura que dá pelo nome de "Estado de Direito". Como se a organização do Estado que a direita quer, fosse a mesma que a esquerda quer!

O tal "Estado de Direito" que tantas provas tem dado do "Direito" quando permite atropelos sem fim aos direitos e liberdades democráticas ...

O vazio de ideias de Manuel Maria Carrilho e a indefinição política da Direcção do PS justificam, só por si, a exigência de um Congresso que saiba devolver o Partido Socialista aos seus militantes e que consiga colocar na agenda política de todos os dias a necessidade de uma alternativa de esquerda e socialista com um programa e políticas NÃO ABSTRACTAS mas sim democráticas e socialistas!

A crise que o PS atravessa é a crise daqueles que não têm coragem política para propor soluções de acordo com o seu estatuto de MILITANTES SOCIALISTAS. Um militante socialista propõe a transformação democrática e socialista e não se fica pelo jogo abstracto e desmobilizador das influências e dos jogos de bastidores. Um militante socialista tem uma acção de militância diária e não se fica por intervenções jornalisticas ou televisivas ... Este ABC, isto que é muito básico, tem faltado muito à acção dos que lideram o PS e daqueles que confundem intervenção social e política com influência mediática...

É absolutamente revoltante para qualquer militante do PS, deparar com conclusões que apareceram na imprensa, dando conta que "ninguém quer" um Congresso Extraodinário ... isto depois de se ter sabido a opinião de meia dúzia de mediáticos socialistas! Será que alguém consultou a maioria dos militantes do Partido Socialista??

2003-10-23

UM TRABALHO TEÓRICO SOBRE TROTSKY QUE ACONSELHAMOS!

O portal marxista inglês "IN DEFENCE OR MARXISM" (um dos links aconselhados pelo TRIBUNA SOCIALISTA) iniciou a criação de um PROJECTO que culminará com a publicação de uma obra única sobre LEON TROTSKY.

Alan Woods, editor do referido portal e da revista "SOCIALIST APPEAL" entrevistou Pierre Broue, conhecido historiador e investigador da vida e obra de Trotsky, o qual está a colaborar no referido projecto.

A entrevista está em inglês no portal IN DEFENCE OF MARXISM ou no portal argentino da mesma tendência que reproduzimos:

PIERRE BROUE Y EL PROYECTO TROTSKY

"Los jóvenes deben redescubrir los escritos de Trotsky"

Entrevista realizada por Alan Woods

"Cuando leí vuestro material en las páginas web de In Defence of Marxism y en La Riposte, me di cuenta de que debería haber entrado en contacto y colaborado con ustedes mucho antes. Creo que estamos en la misma longitud de onda política. En términos de análisis y teoría vuestra tendencia está por encima de todas las demás."


Podes leer la nota completa en http://argentina.elmilitante.org

2003-10-22

E DEPOIS DO DISCURSO DO PRESIDENTE?

O Presidente falou e ... tudo e todos, oposição e governo, mostraram estar de acordo!

É sempre assim!

Por muitas verdades que o Presidente possa dizer (e até disse!), a capacidade para que tudo não volte ao mesmo, é nula ou quase!

Há de facto montanhas de problemas que se colocam à sociedade portuguesa.

O Presidente também falou nisto. Só que quando o Presidente fala e todos concordam com o que ele diz, isso é meio caminho para nada se fazer no sentido da resolução desses problemas.

A sistemática chamada neutralidade dos orgãos de soberania, sómente serve para que a democracia se reduza à palavra e a formalidades, sómente serve para que as decisões dificeis que devem ser tomadas, não o sejam.

Um Presidente que é eleito na base de um programa e de apoios políticos e populares muito concretos e identificaveis, não pode ficar pelo discurso com conteúdo unanimista ou com acções que encontrando os contrários, a própria matemática estabelece que o resultado é ZERO!

As mudanças necessárias no aparelho de Estado num sentido democrático e socialista ou a defesa de uma democracia onde a participação das pessoas a todos os níveis e locais seja a sua razão de ser, óbviamente que não podem ser implementadas por discursos presidenciais ou por legislação aprovada no Parlamento. São mudanças que precisam de mobilização popular e de uma alternativa política de esquerda e sentido claramente democrático e socialista.

Caso contrário ... continuará este pantanal que está a matar a democracia começada em Abril!

2003-10-21

A DIRECÇÃO DO P.S. NÃO QUER UM CONGRESSO EXTRAODINÁRIO?

MAIS UMA VEZ É ADIADA UMA RESPOSTA DE TODO O PARTIDO!

Mais uma vez a aritmética parlamentar venceu, nas decisões do secretariado do PS, a vontade de acção política comprometendo TODO o Partido!

A imprensa falou com meia dúzia de dirigentes e notáveis do PS e chegou à conclusão (!?) de que “ninguém” no PS apoiava a proposta de Manuel Alegre de convocação de um Congresso Extraordinário.

Com o Partido Socialista a ser atacado por todos os lados, com as insinuações criminosas sobre o Secretário-Geral e sobre outros dirigentes, com o governo de Durão Barroso e Paulo Portas a comportar-se cinicamente perante essas acusações ... a direcção do Partido Socialista preferiu entrincheirar-se em vez de passar à ofensiva com todos os militantes e com a afirmação de uma política de alternativa!

A proposta de Manuel Alegre seria o único caminho para tornar a defesa do Partido Socialista um compromisso de todo o Partido. Seria também a melhor forma de mostrar à sociedade portuguesa que o que está em causa, neste momento, é a capacidade para se dar mais qualidade à democracia, é a capacidade para se criar uma alternativa ao governo de direita.

A direcção do PS recusando a convocação de um Congresso, privou os militantes de manifestarem e afirmarem a sua vontade, e, acaba por se entrincheirar num Parlamento dominado por uma maioria de direita. Com esta decisão, ganham também os notáveis do PS, para quem a luta política se reduz a artigos em semanários e ao aparecimento em revistas cor-de-rosa.

Entre as grandes dissertações sobre a “politização da justiça” ou a “justicialização da política”, há, isso sim, um grande déficit quanto à participação democrática das pessoas nos diversos níveis de uma democracia cada vez mais formal. Há também um adiar perigoso do debate sobre uma Justiça e um aparelho judicial que parece que têm passado ao largo das mudanças que a sociedade portuguesa experimentou desde o 25 de Abril.

O Partido Socialista e os seus militantes não podem ficar à espera desse debate. Deveriam provocar esse debate. Deveriam mobilizar a sociedade portuguesa. Deveriam propor a mudança social e política, sem qualquer receio.

Com a atitude da direcção do PS ficou também mais distante a definição de uma alternativa de esquerda ao governo de direita. A restante esquerda não pode ficar à espera!

Novo circo mediático ... o pretexto agora é a proposta de Congresso do PS

Com alguns dirigentes do PS a colaborarem activamente, a imprensa montou novo circo mediático para consumo diário: a proposta de convocação de um Congresso Extraodinário do PS!

Não interessa fomentar o debate político. O que é preciso, para esse circo mediático, é encontrar um nome que queira acabar com o de Ferro Rodrigues.

No diversos telejornais vao desfilando os dirigentes socialistas que se prestam a este tipo de coisas...

Quem quiser discutir política concreta, não consegue, porque a conversa vai sempre encontrar a preocupação maior da voragem mediática: quem é que quer substituir Ferro Rodrigues?

Por estas e por outras é que a proposta de Manuel Alegre faz mesmo muito sentido: o único local onde os militantes socialistas podem discutir o Partido que querem é num Congresso!

E num Congresso não é preciso reduzir a discussão a nomes e a figuras candidatas a secretário-geral!

Por mais que isto incomode todos aqueles dirigentes do PS que querem reduzir o acto de fazer política aos artigos que escrevem semanalmente ou às sápias intervenções televisivas!

2003-10-20

AINDA A PROPÓSITO DE UM CONGRESSO EXTRAODINÁRIO DO PS...

Um Congresso não serve somente para se escolher uma direcção ou o secretário-geral de um partido. No Partido Socialista, o que é prioritário é a discussão generalizada a todo o partido de um programa e políticas de acção que sirvam para mobilizar a sociedade portuguesa numa perspectiva de profunda transformação.

A acção do Partido Socialista não pode estar confinada nem espartilhada pela acção parlamentar. É necessário redescobrir a acção nas ruas, nas empresas, nas escolas ... onde estão os trabalhadores e os jovens que são afinal aqueles que sistematicamente têm votado PS contra a direita na esperança da execução de uma política que depois nunca vem!

O PS deve saber questionar, através de toda a sua estrutura – militantes, núcleos, secções, concelhias e federações – todos os problemas que se colocam nos planos social, político, económico e cultural.

O exercício da acção política relevante e decisiva não deve ser exclusivo de quem é mediáticamente conhecido. Os simpatizantes e os militantes devem sentir que é possível a sua acção e que dessa acção é possível extrair resultados concretos. Isto não tem acontecido no PS que se tem comportado como um partido igual a qualquer outro, totalmente subordinado e condicionado àquilo que qualquer um chama hoje de “jogatanas dos políticos”.

A Justiça decidida e só discutida pelos Juizes e outros agentes judiciários, a Economia só decidida e discutida pelos banqueiros, economistas e grandes quadros de empresas, as Forças Armadas só decididas e discutidas pelo ministro Paulo Portas (ouvido o “mestre” Bush) e pelas altas patentes militares, ..., a vida assim organizada corresponde a uma sociedade onde a democracia é só uma formalidade e uma fachada, onde o comum das pessoas – os trabalhadores e os jovens – não participa porque não pode ou porque participando é como se não o fizessem!

O Partido Socialista também deveria ter uma palavra a dizer sobre isto, uma palavra mobilizadora numa perspectiva de definição e construção de uma alternativa de esquerda e socialista ao governo de direita.

E o Congresso é o local ideal. O Congresso é o ponto de partida capaz de envolver todos os militantes.

O actual momento que se vive na sociedade portuguesa, justifica a convocação de um Congresso extraordinário do PS.

O que se passa na sociedade portuguesa é o culminar de um processo que pretende desacreditar a democracia, pretende matar o que cheire ou ainda sobre nascido em Abril de 1974, misturando-se criminosamente o que não se devia ... mas isto é o que o liberalismo consegue nos dias da globalização!



Um Congresso Extraordinário do PS é uma exigência, não para se discutirem nomes, mas se decidirem programas e políticas que mobilizem e transformem a sociedade portuguesa.

2003-10-19

O PS DEVE CONVOCAR UM CONGRESSO EXTRAODINÁRIO:OS MILITANTES DEVEM DIZER QUEM MANDA E O QUE QUEREM!strong>!

Manuel Alegre desafiou hoje Ferro Rodrigues a fazer um congresso extraordinário para esclarecer os ataques à sua liderança, no seguimento das recém-divulgadas escutas telefónicas, que envolvem o secretário-geral e outros dirigentes do PS, a propósito da detenção de Paulo Pedroso no âmbito do escândalo de pedofilia na Casa Pia

O lamentável espectáculo à volta da divulgação algo selectiva de escutas telefónicas envolvendo dirigentes do Partido Socialista, parece que não resulta somente da iniciativa de entidades de dentro do aparelho judicial.

O próprio caso “Casa Pia” em que se confunde oposição a crimes pedófilos com campanhas hiper-conservadores sobre sexualidade, parece indiciar que por detrás de toda a encenação mediática existirão poderes que, no mínimo, deverão ser classificados como reaccionários.

Prende-se preventivamente usando-se e abusando-se de escutas telefónicas, mas não é feito um debate sério sobre a Justiça que temos e sobre os métodos de que essa Justiça se serve. Fala-se e especula-se sobre a “Casa Pia”, mas os responsáveis pelos crimes pedófilos parece que continuam a coberto do barulho mediático que é feito com as prisões preventivas de figuras conhecidas, como é o caso do dirigente socialista Paulo Pedroso.

O barulho mediático só tem favorecido aqueles que o fomentam na sombra.

Como já tivemos ocasião de escrever, tudo o que tem sido dito e feito à volta da “Casa Pia” deveria servir para se lançar um debate sério sobre o Estado que temos (do qual o aparelho judicial é uma das partes) e sobre a qualidade da democracia que se vem deteriorando a passos largos.

O 25 de Abril de 1974 já foi há muito tempo e, neste momento, há um governo de direita e forças conservadoras e reaccionárias que estão seriamente interessadas em lançar um espécie de “golpe de estado” silencioso que implique, com uma penada, a destruição de tudo o que foi construído quanto a direitos democráticos e a conquistas políticas, económicas, sociais e culturais.

No entanto, desde o 25 de Abril de 1974, há uma parte do aparelho do Estado que parece que tem passado silenciosamente ao lado das mudanças: o aparelho judicial.

Ora, nada nem ninguém podem ficar à margem de uma discussão que deve envolver toda a sociedade portuguesa.

O Partido Socialista, enquanto parte imprescindível de uma alternativa política de esquerda, deve saber lançar esse debate sem medo e com convicção de mudança!

É bem possível que o PS esteja a ser alvo de uma campanha, a qual pretenderá por em causa uma das forças políticas alternativas ao governo.

Neste sentido, Manuel Alegre tem toda a razão em propor a convocação de um Congresso Extraordinário do Partido Socialista.

É preciso também que o debate político chegue ao PS e sejam também desmascarados todos aqueles que andam a fazer o papel de “ala moderada”(?!) . Mas “moderada” em relação a quê, a quem e para que fim?

O Partido Socialista é um partido de esquerda. Tem de ser um Partido que sabe propor programas e políticas que apontem num sentido democrático e socialista.

O PS não pode ser um partido “PSD +” ou “PCP –“. Não pode ser também um partido comprometido com jogatanas parlamentares ou com lobbies de qualquer espécie. Nem uma agência de empregos a pensar num futuro governo. Nem um partido com um programa ou com políticas abstractas!

A melhor forma de combater toda a encenação mediática existente e sobretudo o que ela parece encobrir é comprometer e motivar todos os militantes e simpatizantes socialistas com a definição de uma alternativa de esquerda ao governo de direita lançando um debate sério sobre as necessidades de profunda mudança socialista e democrática ao nível de todo o aparelho de Estado, qualificando-se, cada vez mais, a democracia criada com o 25 de Abril!

DEBATE ... A PROPÓSITO DA BOLÍVIA!

Manuel Baptista, do colectivo A BATALHA e do fórum Assembleias Anti-Capitalistas, enviou o seguinte comentário crítico:
João Pedro Freire,

Li o teu interessante artigo e gostava de apontar algumas reflexões, não
propriamente críticas em relação ao que dizes, mas em relação ao contexto
todo em que isto se desenvolve.
É certo que existe um paralelismo, e não por acaso, entre a Argentina de
Dezembro de 2001 e da Bolívia de agora.
O processo na Argentina mostrou como a impossibilidade de uma facção da
oligarquia continuar a exercer a repressão, como mandatária directa dos
seus verdadeiros patrões (FMI, Banco Mundial, imperialismo dos EUA, foi
resolvida.
O "que se vayan todos!" transformou-se em "que se vayan quasi todos..." ou
seja abriu-se caminho para uma substituição de pessoas, mantendo o sistema
político intacto, a ordem constitucional, etc.
Isto é muito importante, porque está infelizmente em vias de repetir-se,
com mais ou menos variantees de pormenor, no caso boliviano.
É de assinalar que nenhum problema sério da Argentina se resolveu ou
começou a ter solução; apenas se reconstruíu a capa institucional que
permite fazer passar a continuação da ditadura do FMI, disfarçada por
interposta pessoa no peronismo "patriótico" de Kirchner.
Então aquilo que torna estas insurreições incapazes de chegar a uma mudança
profunda da sociedade (ou seja a transformarem-se em processos
revolucionários, no sentido verdadeiro da expressão) é antes de mais a
persistência da ilusão do poder nas massas.
Assim, como ainda não é compreendido pelos trabalhadores (com salários de
miséria ou desempregados, vivendo da "economia informal") que a
substituíção de um modelo de poder por outro gera - mais tarde ou mais cedo
- uma nova opressão, as insurreições não são acompanhadas por ensaios de
uma organização nova da sociedade e da política.
As pessoas desses países experimentaram na carne os "benefícios" do
liberalismo, mas não atingiram ainda o grau de consciência e da
auto-confiança que lhes permita criar e desenvolver plenamente novas
instâncias -operacionais- para desempenhar as tarefas de coordenação e
sobretudo, anulando e inviabilizando os órgãos e estruturas de poder
anteriormente instaladas. As assembleias de bairro na Argentina, os
sistemas de troca directa, as organizações de "piqueteros", são esboços no
bom sentido, mas ainda muito longe de se transformarem num verdadeiro novo
modelo de sociedade mais horizontal, mais próximo das necessidades
colectivas, que solicita a participação activa na decisão e execução de
todos e de todas.
A lição que tiro é a seguinte: não basta desenvolver processos antagonistas
que num determinado ponto de confronto possam conseguir o derrube dos
agentes do poder imediatamente responsáveis pelos males, é preciso em
paralelo - pela prática continuada no seio do movimento social- desenvolver
práticas de participação e democracia directa, a todos os níveis, uma
cultura assembleária, horizontal, de auto-gestão dentro dos colectivos
constituídos... práticas essas que apenas os grupos libertários têm tentado
(com erros, claro) levar a cabo, nas sociedades ocidentais contemporâneas.

A resposta de João Pedro Freire, de TRIBUNA SOCIALISTA:

Caro Manuel Baptista,

"Então aquilo que torna estas insurreições incapazes de chegar a uma mudança
profunda da sociedade (ou seja a transformarem-se em processos
revolucionários, no sentido verdadeiro da expressão) é antes de mais a
persistência da ilusão do poder nas massas."


Na Bolívia e na Argentina (como em outros locais e ocasiões que a História
vai registando) as revoltas populares raramente têm passado a revoluções com
"principio, meio e fim"! O capitalismo pode formar pessoas revoltadas, mas,
infelizmente, revolucionários são poucos. É aqui que sou de opinião que o
factor subjectivo, i.e. a consciência da necessidade de
organização/coordenação, entra na ordem do dia. Nem me refiro a uma
"vanguarda" no sentido leninista do termo. Acredito que nos nossos dias é
possível criar uma organização com uma coordenação que possa continuar no
tempo a inicial capacidade espontânea dos movimentos que exprimem revolta
popular.
Nesta luta contra a globalização liberal - a qual não é própriamente
abstracta ou um fantasma, tem organização, tem direcção, tem política e tem
força militar - a necessidade de definição de uma alternativa internacional
com organização, política e direcção não deve ficar remetida para meia dúzia
de "vanguardistas" ainda por cima herdeiros de responsabilidades monstruosas
ao longo da História.
Continuo a pensar que há um perigo latente na história recente do movimento
anti-globalização liberal ou até nas revoltas que a Argentina e a Bolívia
conheceram e conhecem: é o cansaço de quem se revolta por falta de
alternativa CONCRETA e é a capacidade do liberalismo para incorporar as
respostas difusas que essas revoltas originam. Por exemplo na Bolívia, a
capacidade popular que provocou a demissão de um Presidente deu origem, tão
somente, à sua substituição pelo seu Vice-Presidente (!!) que já iniciou o
processo de tentar "quadrar o circulo" tentando conciliar um Parlamento (que
só se representa a si mesmo) com uma revolta popular que teve que criar um
autentico contra-poder à ordem reinante!!
Na minha opinião, a questão da organização e da coordenação de uma
alternativa é URGENTE e VITAL!

Um abraço e saudações fraternas,
João Freire

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