2004-03-20

BLAIR VEM A PORTUGAL: O QUE TÊM A DIZER OS PORTUGUESES?

Segundo tem vindo a ser noticiado, Tony Blair vem a Portugal na próxima Terça-Feira para reunir com Durão Barroso, tendo na sua agenda a questão do terrorismo.

Tony Blair perdeu o amigo Aznar, porque a vontade popular no Estado Espanhol assim o ditou, e, agora parece eleger Barroso como o seu aliado anti-terrorista.

O primeiro-ministro britânico, socialista na marca mas ultra-liberal nos métodos e na prática, é o Bush nr.2 da realidade "belicismo versus terrorismo" e um dos principais responsáveis pelo estado de insegurança em que o Planeta se encontra submerso.

Por isto, Blair não é benvindo a Portugal! Os primeiros a manifestar a oposição à visita de Blair a Portugal, deveriam ser os socialistas e o Partido Socialista. Blair tem dado provas de que defende mais depressa Bush que qualquer partido, grupo ou movimento da Internacional Socialista presidida por António Guterres. Blair, se pudesse, teria votado Aznar contra Zapatero, como votaria Bush contra qualquer outro candidato norte-americano, democrata ou outro!

Blair como pró-belicista que é, atrairá qualquer ameaça terrorista! Por isto não pode ser benvindo, porque representará uma clara ameaça à paz da sociedade portuguesa!

João P Freire




EM DEFESA DE MÁRIO SOARES

O TERRORISMO COMBATE-SE COM CORAGEM E COM OFENSIVA DEMOCRÁTICA!

Os diversos comentários que surgiram sobre as declarações de Mário Soares a propósito de hipotéticas negociações com organizações terroristas, revelam falta de coragem política por parte de quem os pronuncia para além de se situarem, com algumas nuances, dentro daquilo que são as soluções securitárias e belicistas desenvolvidas por Bush & Blair. Mesmo no Partido Socialista, parece que muitíssimos poucos dirigentes compreenderam o que se passou em Espanha, nomeadamente quanto às propostas de Zapatero.

Todos sabemos, com exemplos concretos e sangrentos, qual o resultado das soluções securitárias e belicistas de combate ao terrorismo. Mas ninguém sabe qual o resultado que teria uma solução política de combate ao terrorismo.

O terrorismo não é algo que tenha começado depois do 11 de Setembro em Nova Iorque. Também não é redutível a acções de loucos. Tentar combater um terrorismo assim desenhado, terá como resultado o combate a algo que não existe e o registo sangrento de acções como aquelas que temos visto.

O terrorismo tal e qual o conhecemos e com origem no chamado mundo islâmico, recolhe as suas origens em anos e anos de agressões aos povos do Médio Oriente e de desrespeito por determinações das Nações Unidas. O terrorismo surge como um conjunto de acções desesperadas perante as acções das grandes potências que se arvoram no direito de fazer lei perante povos que são claramente agredidos sem direito de resposta.

Os terroristas que hoje actuam com acções de âmbito quase planetário, obviamente que não representam a vontade dos povos, mas esses povos podem, em muitos momentos, ver nessas acções irracionais, respostas a anos e anos de agressões por parte do belicismo das grandes potências mundiais. Neste sentido, propor uma acção política contra o terrorismo, passa por dar o direito de livre auto-determinação aos povos agredidos, passa pela resolução de problemas regionais nunca dantes resolvidos não obstante as resoluções da ONU, passa pelo retirada de qualquer tropa ou tropas de ocupação em qualquer parte do Mundo, passa pelo reconhecimento internacional da faculdade de qualquer povo ou povos poderem resolverem os seus próprios destinos sem interferências ou agressões externas.

O terrorismo também se combate com a internacionalização do movimento democrático pela Paz e contra a Guerra. Se o dia de hoje, 20 de Março, pudesse ser estendido a todo o Planeta, nomeadamente com acções no Afeganistão e no Iraque, teríamos a voz popular e democrática contra a guerra e contra o terrorismo nos próprios países que se referenciados pelas potências mundiais, como os “ninhos” do actual terrorismo. A voz democrática contra a guerra e o terrorismo estaria a conquistar politicamente apoios nesses países para outro tipo de respostas às agressões imperialistas.

A securitização do Planeta, a ideia de que se pode fazer de cada país uma espécie de fortaleza anti-terrorista, quase que equivale dar-se implicitamente razão ao muro que Ariel Sharon está a construir com o argumento de que se trata de uma forma de responder ao terrorismo de palestinianos.

A securitização do Planeta somente serve a febre belicista dos diversos Bushs e acções terroristas perpetradas por quem não tem qualquer apoio popular. A securitização do Planeta cria, isso sim, uma nova bipolarização, estando de um lado a força bélica das potências mundiais e do outro os bunkers escondidos dos grandes terroristas. No meio estão os povos e as vítimas inocentes do resultado desta bipolarização!

Razão tinham os espanhóis que se manifestavam na véspera das eleições que ditaram a saída de Aznar, quando afirmavam: AS GUERRAS SÃO VOSSAS, OS MORTOS SÃO NOSSOS!!

O terrorismo não é solução para nada. Mas as soluções preconizadas pelos governos ocidentais somente têm contribuído para o fortalecimento dos terroristas e para o crescente impacto das suas acções assassinas e irracionais.

O terrorismo tem de ser combatido como nunca o foi até agora: com capacidade democrática, com mobilização popular, com o estabelecimento de um diálogo fluido e sem agressões entre os povos, para além dos governos e dos Estados.

Avançar com a sugestão do diálogo com organizações terroristas é, antes de mais, demonstrar coragem política para, cara a cara e olhos nos olhos, se dizer que a resolução dos problemas da humanidade não passa por belicismo e terrorismos. A recusa dessas organizações para qualquer negociação seria vista como uma prova da sua evidente fraqueza quanto ao suporte popular que nunca tiveram.

A proposta de Mário Soares não é sinónimo de fraqueza perante o terrorismo. É, isso sim, uma demonstração clara da superioridade política das soluções democráticas e de respeito pela vontade dos povos em relação ao belicismo e ao terrorismo.

João P.Freire

2004-03-17

DOIS ANOS DE GOVERNO DE DIREITA: JÁ CHEGA!!!...

Hoje, a direita comemora dois anos do seu governo. Contentes devem estar todos que só são amigos do social depois de fazer contas a ver se vale a pena ... Contentes também estão aqueles que reduzem o seu eficiente ao ser privado por contraposição ao público tomado no abstracto... Contentes também devem estar aqueles que veneram Bush e as suas aventuras ... Contentes estão sobretudo aqueles que falam do 25 de Abril como evolução em vez de revolução!

Mas hoje soube-se que mais uma fábrica, desta vez de grandes dimensões, a ex-Sorefame, vai encerrar. Para o desemprego irão mais 6.000!!
Há dias também se ficou a saber que no País ocupado pelo governo Durão & Portas, em cada dia que passa, há 100 trabalhadores que passam a desempregados!

Esta é a realidade imposta por aqueles que passam a vida a fazer contas e, de vez em quando, lembram-se do social sem nunca se lembrarem do concreto dos trabalhadores.

Dois anos de governo de direita, de desvario neo-liberal, são o suficiente para dizer JÁ CHEGA! e BASTA!

João P Freire

2004-03-16

AUSTRIA: PARECE QUE A SOCIAL-DEMOCRACIA NÃO TEM VERGONHA NA CARA!...

Parece que os social-democratas austríacos da região de Caríntia resolveram estabelecer um acordo de governo com a extrema-direita de Haider. Nem mais, o mesmo partido que motivou em 2000 uma justa onda de indignação na Europa quando subiu ao governo na Austria na companhia dos democrata-cristãos.

Os social-democratas austríacos fazem parte da Internacional Socialista presidida por António Guterres, a qual, até ao momento, ainda não disse nada de nada!!

Mesmo de ambito regional, este acordo de governo entre social-democratas e a extrema-direita pró-nazi deve ser denunciada com o mesmo vigor com que foi denunciado, há anos, o acordo entre estes mesmos pró-nazis e os democrata-cristãos.

Da Internacional Socialista pede-se, tão só, uma posição inequivoca perante a direcção nacional do Partido Socialista Austríaco: ou expulsão a sua organização na Caríntia ou então é o próprio PS Austríaco que corre o risco de ser expulso!

2004-03-15

Revisitando os Anos 70 «Ciclo Os Partidos Que Partiram»

Ciclo de Debates na Ler DEvagar. Uma iniciativa interessante que TRIBUNA SOCIALISTA aconselha!

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DEBATE. 6ª feira, 19 de Março, às 22h00. "Entre a Resistência Armada à
Ditadura e a Revolução
" com Fernando Pereira Marques, Isabel do Carmo, Carlos
Antunes e Raimundo Narciso". Moderador: Rui Loureiro
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DEBATE. 6ª feira, dia 2 de Abril, 22h00. "A Esquerda Socialista. Entre o
Socialismo e a Social-Democracia
". Com António Galhordas, Eduardo Graça e
Manuel Serra. Moderador: João Luis Oliva.


DEBATE. 6ª feira, dia 16 de Abril, 22h00. "Entre Lenine e Trotski". Com
Carmelinda Pereira, Cabral Fernandes, José Guedes Mendes, João Pascoal.
Moderador: Nuno Nabais


DEBATE. 6ª feira, dia 7 de Maio, 22h00. "Em Busca da Autonomia". Com José
Elisio Melo e Silva, José Maria Carvalho Ferreira, João Freire. Moderador:
Bragança de Miranda


DEBATE. sábado, dia 14 de Maio, 22h00. "Os Marxistas-leninistas. Entre Estaline
e Mao
" com Francisco Martins Rodrigues, Helder Costa, Pacheco Pereira (a
confirmar) e António Alves. Moderador: Rui Loureiro

Organização: Pró-Centro de Estudos Operários. Apoio: Centro de
Documentação 25 de Abril

2004-03-14

11 DE MARÇO EM MADRID...

11 de MARÇO:
ENTRE AS SOLUÇÕES POLICIAIS
E AS
SOLUÇÕES POPULARES PELA PAZ!


Ouvindo falar alguns chamados peritos e analistas, parece que o terrorismo é um problema que surge do nada. Os terroristas resolveram ser terroristas... E para autênticos loucos só haveria uma solução: mais polícias, maior controlo do tipo “big brother is watching you”, mais invasões para caçar terroristas e assim por diante ...

Condenável em todos as suas formas, o terrorismo é, no entanto, uma resposta desesperada e irracional de uns quantos a anos e anos de desrespeito pelas determinações da ONU e pelo próprio Direito Internacional por parte das potências que pretendem um Mundo com uma única visão, a própria visão dos que se impõe por força do poderio militar.

O terrorismo reflecte também a inexistência de uma resposta socialista – democrática e anti-capitalista - organizada e coordenada internacionalmente à política internacional da única super-potência, os EUA.

O livre comércio, protagonizado pelos defensores da globalização capitalista, teve também a sua vertente ao nível do armamento. No chamado mundo islâmico, muitos dos actuais terroristas receberam instrução militar e de espionagem por parte dos serviços secretos das potências que hoje os perseguem. Essas potências criaram durante anos e anos monstros que passaram de homens de mão ao serviço do “lado bom” ocidental para homens com capacidade de iniciativa, organização e “know how” no “lado mau” islâmico.

Os terroristas conhecem muito melhor os serviços secretos que os treinaram e formaram do que os povos ou as causas (!?) que dizem representar!

Os milhares de pessoas que ontem se manifestaram em Madrid exigindo a verdade sobre os autores dos atentados do 11 de Março, têm toda a razão quando afirmam que “As guerras são vossas, os mortos são nossos”!

Os EUA e os governos que os apoiam têm também usado a mentira como forma de criarem autênticas estratégias de tensão que possibilitem a manipulação das chamadas “opiniões públicas”. Foi o que se passou com a história das armas de destruição massiva que o Iraque de Saddam teria, aconteceu o mesmo agora em Madrid quando o Governo, até à última e contra todos os indícios existentes e divulgados pela imprensa, continuou a usar a “verdade” que mais lhe convinha internamente (a ETA) ignorando a verdadeira verdade (!) (a Al-Qaeda) que teve mais tarde de assumir perante todas as evidências!

O terrorismo tem de ser combatido política e socialmente. Não é alternativa a nada nem para nada. Contribui, isso sim, para que os povos mais oprimidos fiquem ainda mais mais oprimidos e num beco sem saída.

O primeiro passo para o combate ao terrorismo passa pela expressão da vontade popular e democrática através dos actos eleitorais nos países que têm governos que têm contribuído para mais terrorismo. É o caso dos EUA e de Espanha. A derrota eleitoral dos governos destes países e dos partidos que suportam esses governos, seria um passo importante para se pôr termo à política belicista e invasora que tem dominado o planeta.

Outro passo decisivo e urgente é a afirmação de um programa internacional e alternativo – socialista, democrático e libertário - à globalização liberal-capitalista. Um programa de liberdades, de democracia, de gestão dos recursos do planeta pelos povos e pelos trabalhadores, de afirmação plena de uma cidadania não só nacional mas sobretudo planetária. Um programa com uma acção coordenada no plano internacional que se assuma como alternativa global ao capitalismo que tem dominado e massacrado o Planeta!

Um programa democrático e socialista devidamente coordenado a nível internacional conseguiria um efeito que seria melhor, na qualidade e na qualidade, que aquele que tem sido obtido (já muito bom!) com as acções e manifestações anti-guerra e anti-globalização capitalista ou com as iniciativas no âmbitos dos Fóruns Sociais a nível internacional. O terrorismo seria também remetido para um beco sem saída!

João P Freire